21 de dez. de 2012

Pequenos pontos do trabalho apresentado no II Seminário PIBID IAT:

Introdução

As políticas públicas têm o objetivo de prover recursos em áreas em que as demandas suscitam investimento. No que concerne à educação básica se pretende melhorar os indicies do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Neste sentido, algumas ações estão sendo empreendidas, sendo o PIBID uma delas.

Como inserção no âmbito de política pública, o PIBID tem seu início através do decreto 7219/2010 (BRASIL, 2010a), com objetivo de

identificar e buscar soluções no processo educacional, tendo em vista a parceria universidade / escola pública. Devido à amplitude do programa no território nacional, percebemos as dificuldades de consenso nas
ações e principalmente um equilíbrio na gestão enquanto prática no contexto escolar.

Quando nos referimos à gestão estamos em busca de pautas concretas, ou seja, análise de indicadores coletados na escola, da aplicação dos planos de trabalho, os efeitos surtidos e o significado deste empreendimento para a escola e principalmente para o licenciando, foco e objetivo do projeto. Podemos destacar, no caso do PIBID, a existência de um relatório como tensor e diagnóstico do processo acima exposto. No entanto, a nível local e prático muito ainda se tem a fazer.

A exposição da temática e o dizer que “muito ainda se tem a fazer” está no âmbito do diálogo, do debate e, sobretudo, na produção de pesquisas que ajudem, através da experiência, na troca de conhecimentos e no estabelecimento de parâmetros. Destarte, analisaremos por parte.

A obrigatoriedade do ensino de Filosofia: Lei 11.684/2008. Em dois de Julho de 2008, através da Lei 11.684, sancionada pelo presidente em exercício, José de Alencar, as disciplinas de Filosofia e Sociologia tornam-se obrigatórias nas três séries do Ensino Médio no Brasil. No caso da Filosofia surge o debate sobre o que e como ensinar em uma disciplina a várias décadas ausente dos currículos escolares e sendo a sua reimplantação, naquele momento, carente de objetividade, material didático, mão de obra formada na área que suprima a demanda de estudantes da escola pública, metodologias e etc.

Assim, ao tratar a questão no concernente à obrigatoriedade, podemos perceber que a mesma nos pegou despreparados para a realidade. O que vemos nas escolas – hoje já com livro didático, porém não suficiente para todos – são várias metodologias de ensino, sendo a maioria delas apenas mera assimilação de textos ou debates aleatórios sobre temas atuais, sem, no entanto, nenhum compromisso com a análise dos conceitos, com a construção argumentativa, ou seja, espontaneísmos.                   

A escola. Tratar do PIBID no ambiente da escola pública e na relação supervisor / bolsista refere-se à percepção da viabilidade do projeto, seus objetivos e perspectivas, e, principalmente, tentar mostrar que o trabalho do licenciando no programa está relacionado ao com e não ao para: o licenciando trabalha em parceria com o supervisor e não para o supervisor (SARTORI, S/D). Tendo em vista o exposto acima, se faz necessário a clareza na relação coordenação / escola, sobre a exposição do Programa como projeto institucional e com política pública de governo, suas características e objetivos e sua total desvinculação do processo de estágio obrigatório nas licenciaturas.

O PIBID, em suas especificidades institucionais, necessita, através do bolsista licenciando e do bolsista supervisor, conhecer a realidade da escola, seu público, sua comunidade local e de entorno, suas deficiências e eficiências, as práticas docentes, as aprendizagens, dentre outros processos inerentes a esta instituição educacional. Desta forma, com diagnósticos e funções previamente estabelecidos, acreditamos na viabilidade de sucesso deste empreendimento, que busca, além de um crescimento nos índices educacionais, significado na ação docente e valorização do magistério.  

Conclusão

Estabelecer parâmetros sobre a gestão e aplicação de um projeto da amplitude do PIBID não pode ser considerado de forma conclusiva e estanque. A educação requer movimento e transformação o tempo todo e as relações humanas – comunidade escolar, supervisor, bolsista e etc., - permeiam por caminhos do diálogo, adaptação, compreensão e principalmente respeito pelo outro. Neste sentido, aquilo que de principal se pretende neste trabalho é obter soluções através do debate, da pesquisa e da troca de experiências, com a finalidade de alcançar o que postula o PIBID, ou seja, ajudar na elevação da educação no Brasil.

                                                                     Vera Lúcia Santos Mutti Malaquias.



Referências
BRASIL. Lei Federal 11.684/2008. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm. Acesso em: 01 abr. 2012.
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Um comentário:

  1. Prezada Vera, bom texto introdutório sobre a relação, tanto institucional quanto pedagógica, entre universidade e unidade escolar. Quando afirma que o licenciando deve conhecer a escola e seu entorno com suas especificidade, concordo inteiramente, pois é a partir do conhecimento do universo cultural do alunado e do contexto social onde se localiza a escola, que podemos produzir projetos e propostas vinculadas a realidade do estudante, surgindo dessa forma, acredito, uma aprendizagem significativa, ou seja, uma aprendizagem não só técnica, mas, acima de tudo, cidadã.

    Abraços.
    Ramires.

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