23 de nov. de 2015

Projeto Cartas Filosóficas: breve relato do desenvolvimento e culminância da atividade

Vencer a dificuldade de mostrar pelas palavras como as coisas são, em sua aparência, é ao que a arte retórica se dedica; vencer a dificuldade de mostrar pelas cartas o ânimo do escritor para alguém, em sua aparência, é ao que a arte epistolar visa.” Adma Fadul Muhana




Já nos aproximando do encerramento deste ano escolar, o PIBID Filosofia no Colégio Estadual Professora Maria Bernadete Brandão também caminha para a conclusão dos projetos aplicados pelos bolsistas neste ano de 2015.


No turno matutino o Projeto “Cartas Filosóficas” deu o tom das atividades do PIBID Filosofia. Com o objetivo de trabalhar a leitura, escrita e interpretação, o projeto foi uma ferramenta interdisciplinar atrelado não apenas à filosofia. Outras áreas como literatura e língua portuguesa puderam também ser contempladas na atividade.


Ao inicio das atividades foi pedido que se fizesse uma carta fictícia  à um filosofo qualquer. Daí a constatação que a escrita de um texto em gênero escolar era desconhecida por quase todos os estudantes. Então, orientados pelo bolsista e supervisor foi apresentado o texto em gênero epistolar desde os elementos técnicos que o constituem em sua forma até o conteúdo geralmente contido neste estilo textual. Talvez com o avanço das novas tecnologias onde a escrita de cartas a mão é facilmente substituída por e-mails, mensagens instantâneas via whats app ou sms ou ainda por meio de mensagens em chat nas redes sociais tenha se esquecido um pouco do estilo e valor de uma correspondência. Fato é, que, mesmo com todo aparato tecnológico usado na comunicação hodierna, o texto epistolar continua com sua utilidade bem como com seu estilo próprio que o enquadra dentro de um gênero textual diferente dos demais.


Após a carta de treinamento, foi entregue a epistola de Epicuro para leitura, interpretação e resposta. A carta de Epicuro com seus belíssimos trechos e conteúdos eminentemente filosóficos proporcionou um diálogo e reflexão sobre a temática da morte e da amizade. O filósofo do jardim entrou na escola da periferia de uma maneira mais atrativa que o texto formal dos manuais escolares de filosofia. Foi pedida uma pesquisa sobre os elementos biográficos do filósofo e um breve resumo de suas ideias. Destarte a atividade com as “cartas filosóficas” prova ser mais que um exercício de escrita e leitura. É possível por meio delas motivar a busca por quem as escreveu e por outros aspectos de seu pensamento filosófico. O mesmo pode-se dizer da segunda carta estudada: a carta de Sêneca sobre o tempo. Nesta carta de Sêneca é foi um tanto válida e propícia a motivação de que “ninguém se hesite em dedicar a filosofia enquanto jovem”. Além de propor uma reflexão sobre o que fazemos com o nosso tempo, Sêneca motiva o nosso filosofar e apresenta a filosofia como algo capaz de nos ajudar na busca pelo conhecimento e pela vida feliz.  Com Sêneca representante da “filosofia do pórtico”, foi possível traçar um paralelo de similitudes e diferenças com a “filosofia do jardim”. Mais uma vez, a atividade com as cartas filosóficas prova ser um precioso recurso didático ao professor de filosofia, pois, não se limita exclusivamente a uma única nuance da disciplina ou até mesmo à disciplina em específico.


Como um dos resultados da atividade com as cartas, foram confeccionados alguns cartazes pelos alunos, sob orientação do bolsista e supervisor apresentando à comunidade escolar os pressupostos do projeto aplicado pelo PIBID Filosofia, bem como a carta de Sêneca e a carta de Epicuro.


Esperamos no ano seguinte dar continuidade à atividade nos esforçando por fazer conhecidos nossos filósofos clássicos por meio de seus escritos e usufruir de seus ensinamentos contido em suas cartas.

Thiago da Mata. Bolsista do PIBID Filosofia



Algumas referencias usadas:

SÊNECA, Lucio. Aprendendo a viver. Carta a Lucílio. Trad. Lucia Sá Rebello e Ellen Itanajura. Porto Alegre: L&PM, 2009.
______________. Sobre a brevidade da vida. Trad. Lucia Sá Rebell et alii. Porto Alegre: L&PM, 2006.
COSSUTTA, Frédéric. Elementos para a leitura dos textos filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
MUHANA, Adma Fadul. O gênero epistolar: dialogo per absentiam. Revista Discurso n.31, p. 329-345, 2000.




2 comentários:

  1. Pessoal, se um dos elementos fundantes para excelência na configuração formacional do professor de filosofia for o envolvimento no ambiente tensional da sala de aula com objetivos planejados, então o projeto Cartas Filosóficas está no caminho legítimo dentro da proposta do Pibid. Parabéns para o futuro docente Thiago!

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  2. Olá, primeiramente gostaria de dar meus parabéns pelo projeto. Ele é muito interessante. Me chamo Ivan e sou professor de filosofia na rede de ensino particular em Belém - PA. Gostaria de saber se é possível a troca de experiências, pois estou muito interessado em implantar esse projeto nas minhas turmas de filosofia. Se puderem entrar em contato, ou me passar um contato, eu agradeceria. (ivanfaustogomes@yahoo.com.br)

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