A filosofia não é uma teoria, mas uma atividade [Suzane Lopes]

Com base nessa frase de Ludwig Wittgenstein¹ posso então discorrer sobre meu desejo de trabalhar na ação da docência. Pensar a filosofia simplesmente como uma teoria é tirar dela uma participação ativa nos problemas da sociedade. É claro que a teoria é uma das bases para se chegar à ação.

Que atividade é essa que a filosofia se propõe nas escolas? Poderia dizer que é a atividade do pensar; isso é partir do pressuposto que os alunos não exercem o pensamento; como se este aluno fosse uma folha em branco, sem experiência, sem historia. Não acredito nisso.

Creio que uma das atividades da filosofia é o (re) pensar, refletir acerca do universo que cerca o estudante, esse individuo particular. Utilizando as experiências, valores morais, éticos que esse estudante já carrega dentro de si.

A filosofia exerce então um grande papel junto ao estudante. Caminhando lado a lado ambos podem conhecer melhor o mundo e suas idéias.

Então porque o ensino de filosofia nas escolas é tão problemático? Creio que a estrutura da Filosofia (como disciplina) é mal elaborada para o ensino médio. Na maioria das vezes o plano de aula do curso de filosofia se torna tão distante da realidade do estudante, tão cheio de assuntos e teorias, que isso não toca o aluno. É necessário elaborar cuidadosamente a filosofia para a sala de aula.

Como “convencer” ao aluno que estudar Lógica, Filosofia Antiga, Metafísica, Ontologia, que ler o pensamento de Sócrates, Platão, Kant vai ser algo proveitoso e agradável? Vai depender de como esses assuntos vão ser expostos em sala de aula.

É possível ensinar lógica através de revistas, quadrinhos, jornais mostrando como os diálogos vêm carregados de falácias, de argumentos inválidos toda essa estrutura que a lógica se encarrega de trabalhar pode ser ensinada de forma lúdica.

É comum em Filosofia Antiga trabalhar com o foco na civilização grega e seus pensadores. Estudamos tantos mitos gregos e seus heróis e não damos atenção e nem permitimos que o estudante trabalhe com mitos africanos, indígenas algo que é tão próximo da realidade do povo brasileiro. Existem mil maneiras de se trabalhar um assunto a fim de aproximar do contexto do estudante.

A filosofia não deve se fechar para as novas possibilidades que surgem todos os dias. O professor de filosofia tem que ter consciência que o estudante é um ser pensante, um ser que atua ativamente na sociedade. E que esse professor deve esmiuçar esses conhecimentos tão válidos para a Filosofia.

Costumamos a falar sempre com ênfase no utópico, esquecendo um pouco a realidade e sua ação. Sabemos de toda a problemática que gira em torno da educação brasileira. E se não damos soluções ficamos em estado catatônico perante a isso tudo.

Não posso mudar o todo, mais creio que posso mudar uma parte. E a parte que me cabe é a filosofia. Já consigo sair um pouco do reino da abstração e colocar literalmente as mãos na massa.

Participar do PIBID me ajuda na elaboração de uma filosofia mais próxima do estudante. Entrar nesse projeto é ter a oportunidade de atuar efetivamente na educação. Sei que posso aprender muito e também ensinar; em um prisma sou estudante em outro sou professora, desempenho dois grandes papéis, numa constante troca de conhecimentos.

Tenho a possibilidade de mostrar que a filosofia é algo palpável, concreto, que tem a capacidade de modificar realidades. Mostrar na prática a efetivação de tudo que acredito de tudo que a filosofia é capaz.

A filosofia junto com o estudante se torna agente transformador da sociedade.

por Suzane dos Santos Lopes

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¹Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (1889 - 1951); filósofo austríaco; desenvolveu trabalhos em lógica, epistemologia, filosofia da linguagem e em outras áreas da filosofia.